Púlpito

Designação: Púlpito (Capela)
Origem: Índia Portuguesa
Época: século XVII/XVIII
Material: teca policromada
Dimensões: 260 x 210 x 100 cm
Descrição: O púlpito, derivado do ambão, é uma peça de mobiliário litúrgico onde era feita a leitura dos Evangelhos e das Epístolas.
Nas igrejas da Índia Portuguesa surgiu uma tipologia de púlpitos de linhas barrocas mas suportados por figuras secundárias do panteão pagão hindu; as naginis em vez das cariátides ou dos atlantes. Produzidos com materiais locais como a teca e coloridos com as fortes cores locais, os púlpitos seguem as formas do barroco europeu com colunas torsas, putti e decoração entalhada de folhas de acanto mas também a tradição escultórica popular local com um trabalho em alto e baixo-relevo algo rude e com uma decoração vegetalista carregada que preenche completamente o corpo bem ao gosto hindu, ostentando as referidas deusas das águas semi-mulheres, semi-sereias e flores de lótus estilizadas.
O púlpito está incompleto já que falta o espaldar e o baldaquino.
Contexto: A arte indo-portuguesa é resultante da miscigenação das culturas portuguesa e indiana (hindu principalmente), refletindo o modo como a colonização foi feita, sendo que os Portugueses se adaptaram aos países e costumes locais, algo que não ocorreu com outras situações de colonização. A cidade de Goa foi conquistada em 1510, por D. Afonso de Albuquerque (1453-1515), a presença do Vice-Rei e o facto da cidade ser a sede da Igreja no Oriente tornou Goa uma cidade muito importante ao longo dos séculos XVI e XVII. Com a chegada das Ordens Religiosas, em 1542 foram construídas várias igrejas como a Sé Catedral, a Basílica do Bom Jesus e os conventos de São Francisco, Santa Mónica, São Caetano que necessitaram de mobiliário e alfaias religiosas. Recorreu-se então à mão de obra local que criou peças do culto cristão, carregadas de referências multiculturais, nomeadamente hindus e mogóis resultando em obras muito curiosas como o púlpito da Casa-Museu.
Palavras-chave: naginas; acanto; lótus; Goa; Cristianismo; colonização; mobiliário litúrgico; Barroco;